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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Túmulos ou Covas?

Essa moça de rolinho na cabeça é Maria Helena, minha prima.



Bairro Miramontes.
Antes era chamado de Covas, pois lá havia um cemitério, depois um engenheiro (contam os antigos)  queria mudar o nome e pergunta vai, pergunta vem, colocou  Miramontes - Mira = ver, montes = montes mesmo - por haver muitos morros, montes lá longe.
 E em torno disso muitas lendas existem e os mais antigos contam:
- Quem passasse na porta da igreja à meia noite via um vulto branco de uma pessoa que o acompanhava... Que horror... Seria a loira do banheiro clamando pela misericórdia de Deus?
- Na pracinha onde tinha um coreto, sempre à noite e de preferência à meia noite, rondavam uns fantasmas (umas coiseiras, como dizem os antigos) por lá...
- No carnaval, ninguém ia a clubes. O carnaval era na pracinha e todos usavam fantasia. Mas de uma hora pra outra todos iam pra suas casas porque uma bonequinha pequenininha corria atrás das pessoas... Seria a irmãzinha de Chuck?
- E tinha também um senhor negro de cabelos brancos e usava bengala que virava lobisomem. Na lua cheia à noite ninguém achava o homem. Credo!
- Mané Jerônimo e Antônio Cinza eram os benzedores do local... e também faziam uns "trabalhos pra conseguir coisas". Quando assistiam futebol e o time deles estava perdendo, sumiam num quartinho e rapidinho o time deles virava o jogo. Se fosse assim o time da Bahia era campeão sempre, nénão?
Porque digo tudo isso? Pra lembrar o passado e pra lembrar que meu pai morou em Miramontes. Na rua de trás da igreja, em uma chácara, meus avós paternos moravam lá e meu pai ainda menino saía pra trabalhar a pé no Saméllo. Nessas andanças de madrugada ele dizia que tinha uma homem negro, feiticeiro, que do nada desaparecia... Sim, sumia e ninguém o via em lugar nenhum:
- A gente tava conversando e era só piscar e ele sumia.
Eu gostava daquela chácara. Muitas árvores, goiabeira, bananeira... e um balanço enorme que eu me divertia muito. O banheiro era fora de casa, uma fossa medonha que eu morria de medo e só conseguia me imaginar caindo naquele buraco sem fundo. Era escuro por isso eu achava que não tinha fundo. A casa era simples e o chão de madeira fazia aquele barulho oco, que eu também só ficava imaginando quantas caveiras haveriam lá escondidas. Meu avô tinha uma charrete que, apesar de sua carranca, sempre nos levava pra dar umas voltas. Tinha também uma espingarda que ele não deixava ninguém colocar a mão. Só que lembro que ele era um mal-humorado e bravo pra cacete, tinha uma perna mais curta que outra por isso usava uma bota ortopédica e uma bengala. Minha avó gordinha, cara redonda, coquinho nos cabelos e sempre rindo.
Eu sempre ouvia essas histórias e morria de medo. Tenho medo até hoje de passear por lá. Hoje não tenho motivos pra ir, apesar de estar tudo mudado, conservado, reformado, tenho parentes que moram lá e o progresso se avançou por aqueles lados.
Por que histórias de terror, lendas medonhas, fantasmas e afins só aparecem à noite?

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