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segunda-feira, 19 de março de 2012

Franca é a 5ª do Estado de São Paulo com maior déficit de creches

Nelise Luques

Para zerar as filas nas creches, Franca precisa construir 25 unidades, segundo o MEC (Ministério da Educação). Os dados que mostram o déficit de creches nos municípios são de 2011 e foram calculados com base em estatísticas do Censo 2010, como população de 0 a 5 anos e o déficit de atendimento baseado no número de matrículas. Franca possui, segundo o levantamento, 25.430 crianças nesta faixa etária. Na comparação com 16 cidades que têm entre 20 mil e 30 mil moradores até cinco anos, é a quinta cidade com maior déficit de creches.

Com o dobro da população francana, Ribeirão Preto possui 43.235 crianças de 0 a 5 anos e necessita construir menos unidades para atender a demanda reprimida. São 17 creches, de acordo com o MEC. Bauru, cidade que tem porte próximo ao de Franca, tem 25.199 crianças e precisa de 13. A secretária municipal de Educação de Bauru, Vera Casério, disse que em 2010 mais de 2.400 crianças estavam fora das creches e nos dois últimos anos a Prefeitura fez manobras para reduzir o déficit. “Em função da alta demanda e necessidade das mães terem um local para deixar os filhos enquanto trabalham, aceleramos os investimentos na área. Utilizamos recursos próprios para ampliar quase 30 unidades e construímos uma creche. Hoje o déficit é de 800 crianças”, disse Vera.

Para Carmem Peliciari, diretora da Divisão de Programas Educacionais da Secretaria de Educação de Franca, a cidade figura entre os municípios com maior demanda de unidades por causa do índice populacional que aumenta com a migração de famílias para trabalhar nas indústrias francanas e inserção da mulher no mercado de trabalho, que gera necessidade de mais vagas. Carmem ainda citou a qualidade dos serviços. “A população está satisfeita com os atendimentos, o que faz a procura por vagas crescer. Em Franca, é comum as mulheres trabalharem em fábricas ou como diaristas para contribuir com o orçamento familiar.”

A pespontadeira Vivian Cristina Caetano, 21, trabalha no horário comercial e não conseguiu vaga para o filho Joel, de 2 anos. Ela procurou quatro creches, mas em todas ficou na lista de espera. Uma delas é a Casa Maternal São Francisco de Assis, que atende 92 crianças e tem outras 120 aguardando uma vaga. “Deixo meu filho com uma vizinha, mas queria que estivesse em contato com outras crianças. Não tenho como pagar R$ 400 numa escolinha particular. Tem dia que choro de desespero. A cidade precisa ter mais creche”, disse a pespontadeira, que é moradora da Vila Rezende.

PASSADO


Toda criança tem o direito, garantido em lei, de ser atendida em creches. A partir da Constituição Federal de 1988, a educação infantil passou a ser responsabilidade dos governos municipais. Nova mudança ocorreu com a LDB (Lei de Diretrizes e Base da Educação), na década de 1990, quando as creches deixaram de ser vinculadas à assistência social para serem da educação. “Houve um atraso em alguns anos na construção de creches e agora existe uma política para se recuperar essa deficiência. As próximas gestões municipais têm de priorizar a instalação de creches”, disse o pedagogo Paulo de Tarso Oliveira, professor do Uni-Facef, ex-secretário municipal de Educação (1977 - 1982 e em 1989) e presidente do Conselho Municipal de Educação.

O professor Luiz Cruz atuou como secretário de Educação de Franca em 1997 e concorda que a deficiência de creches é crônica na cidade. Ele aponta a falta de investimento no passado como o principal problema. “O município achava que creche não era responsabilidade dele. Agora é preciso acelerar para tentar salvar a lavoura”, disse.




Data: 18/03/2012

Fonte: Jornal Comério da Franca

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