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domingo, 15 de janeiro de 2012

Demissões de 39 profissionais ameaçam assistência social

Nelise Luques
Data: 15/01/2012


Famílias que precisam de atendimento psicossocial na rede pública municipal de Franca enfrentam dificuldades para conseguir vagas. Há casos em que a família precisa esperar até dois meses para ter ajuda. A defasagem foi agravada com a demissão de 39 profissionais, entre assistentes sociais, psicólogos e educadores, há um ano.

A conselheira tutelar Gláucia Limonti disse que a situação é preocupante. O Conselho Tutelar atende crianças e adolescentes, além de seus familiares, e os encaminha para atendimento com psicólogos e assistentes sociais da Secretaria de Ação Social. Segundo Gláucia, em muitos casos a demora para um agendamento tem sido de até 60 dias.

O órgão faz o encaminhamento para a secretaria direcionar os usuários para os Crass (Centros de Referência de Assistência Social) ou Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social). “Atendemos casos de evasão escolar, abuso sexual, maus tratos e dependência de álcool e drogas e requisitamos atendimento para fortalecer os vínculos familiares, oferecer atividades fora do período escolar e evitar que as crianças e jovens fiquem na rua, mas o atendimento tem demorado.”

Gláucia disse que o adiamento pode agravar os problemas vividos pelas famílias. “Há casos em que meses atrás atendemos a criança porque estava faltando da escola, encaminhamos para a ação social, ela não teve atendimento e agora retorna ao Conselho por envolvimento com drogas. O atendimento poderia ter ajudado na prevenção.”

Um fonte ligada ao atendimento feito por psicólogas e assistentes sociais nos Crass e Creas confirmou a deficiência na prestação do serviço na área social - a pessoa pediu anonimato com medo de represálias. “Nossa equipe não é suficiente para atender à demanda. Fazemos uma triagem para atender os casos urgentes, os que têm mais prioridade.”

Os Crass estão instalados nas regiões norte, sul, leste, oeste e centro e as equipes trabalham na prevenção. Dentre as funções do órgão está a inserção em programas de transferência de renda. O Creas presta atendimentos quando o problema já existe e acompanha pessoas em risco por negligência, abuso sexual, maus tratos, discriminações ou violência doméstica. Trabalha ainda para fortalecer a relação familiar e evitar, por exemplo, a aplicação de medida protetiva como a retirada dos filhos.

Segundo a mesma fonte, após a demissão dos 39 funcionários, um dos programas do Creas cortado foi o Busca Ativa. Os educadores abordavam crianças e jovens nas ruas para evitar o trabalho infantil.

Apesar dos problemas narrados, o secretário de Ação Social, Roberto Nunes Rocha, disse que a demissão de quase 40 pessoas na pasta não afetou os serviços. Segundo ele, a “administração está redonda, embora não ideal” (leia nesta página).

A saída dos 39 profissionais ocorreu em dezembro de 2010 em cumprimento de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) assinado pela Prefeitura, Associação Presbiteriana Bom Samaritano e Ministério Público de Franca. O município repassava R$ 915 mil anuais para a Associação Bom Samaritano contratar os funcionários que atuavam na rede de assistência social. O promotor de Justiça, Paulo Borges, entendeu que havia irregularidades na atuação deles porque as vagas deveriam ser preenchidas por funcionários aprovados em concurso.

FONTE: Jornal Comércio da Franca

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